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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sobre a morte (no caso, a minha)

"Mãe, como é um cemitério?"
Essa foi a pergunta desafio do dia que a Alice me presenteou.
"É um lugar cheio de construções de cimento que cobrem uns buracos onde colocam as pessoas que morreram." Respondi, com um pouco de medo de onde essa conversa iria parar.
"Mas, jogam as pessoas nesses buracos?"
"Não, colocam elas em caixões, que são caixas grandes para caber as pessoas. E esses caixões ficam enterrados nesses buracos."
"Deve ser ruim, né?"
"Não, filha, a pessoa está morta, ela não sente mais nada..."
Ela pausou por uns minutos, como que tentando entender o que queria dizer aquilo.
"E não tem outro jeito de enterrar as pessoas não?"
Percebi que ela estava incomodada com a ideia de ficar presa dentro de uma caixa num buraco.
"Tem, filha, as pessoas podem ser cremadas. Isso quer dizer que colocam o corpo da pessoa dentro de um forno especial que a transforma em pozinho. E esse pozinho pode ser jogado debaixo de uma árvore para ela crescer melhor, ou no mar, ou mesmo no céu..."
"Você conhece alguém que foi cremado?"
"Conheço sim, filha, a prima da mamãe. Aí jogamos o pozinho dela no mar."
"NO MAR? Naquele da frente da casa da vovó?"
"É, e o legal disso é que sempre que sinto saudade dela, vou no mar e posso me sentir mais pertinho dela!"
Nova pausa. Novo ar pensativo. E, finalmente, a chave de ouro.
"Mãe, quando você morrer eu vou te cremar, e jogar o teu pozinho debaixo de uma árvore. Assim, quando eu sentir saudade de você, posso comer uma fruta dessa árvore e sentir você dentro de mim!"

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