BlogBlogs.Com.Br

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Pelo Sim, Pelo Não

Já falei aqui que não curto deixar Alice ver TV aberta. E, como não tenho NET, ela também não assiste muito disso em casa. Fica mais nos DVDs que tem mesmo.
Antes que me critiquem dizendo que minha filha se tornará uma alienada, que fique BEM claro, que ela vê Discovery, na casa dos avós. Aliás, quando chega na casa deles, já liga a TV correndo para ver seus desenhos e programas favoritos.
A minha escolha por não te NET não foi feita com base em ideologias pedagógicas. Foi uma decisão meramente burocrática e financeira. Descobri que pagava uma fortuna para ver só um canal. E descobri que mal via, ficava mesmo como barulho de fundo. E, depois de uma esquentada discussão com a NET/Virtua sobre o meu sinal de internet, decidi acabar com aquilo e tentar viver sem eles. E, pasmem, funcionou. Não sinto a menor falta. A TV, que vivia ligada, hoje só é ligada de noite, para ouvir um noticiário e uma novela mesmo.
Essa ruptura com a TV a cabo veio antes da Alice. Aliás, quando ela nasceu eu cheguei a questionar a decisão, mas, quando percebi que o que ela gostava era de rever o mesmo DVD ad nauseum, percebi que poderia economizar uma boa grana.
E, quanto à TV aberta, vejam bem, toda a programação infantil se concentra na parte da manhã, quando ela está na escola. Portanto, quando chega em casa, é improvável que queira assistir novela do Vale a Pena Ver de Novo ou Sessão da Tarde. Até porque ela tem uma programação a ser cumprida que não a permite muitas horas na frente da TV. E, como vai dormir às 18.30h, geralmente acaba sem ver TV mesmo.
Isso é bom, lógico, porque lugar de criança não é enfurnada na frente da televisão, e porque ela é poupada um pouco do grande apelo comercial que a TV oferece. O que não quer dizer que ela não conheça esses mil e quinhentos brinquedos anunciados. Ela os conhece e os pede, sempre. Já tem uma lista mental de uns 10 tomos com tudo que quer ganhar daqui até os seus 20 anos de idade. E, agora, com o advento irmãozinho, ela começou a fazer a lista mental dos brinquedos que ela tem certeza que ele vai ganhar.
E, com isso, meio que fica provado para mim que ilhar filho de TV não é garantia de não ouvir o famoso rosário do "eu quero" ser desfiado. Fica patente que crianças, mesmo quando não são expostas à propaganda continuamente, são expostas ao consumo por vários meios. Seja na escola, na casa dos coleguinhas, na casa dos avós, ou mesmo andando pelas ruas, a criança é inundada por um consumismo maluco que, no final das contas, define a sociedade moderna na qual vivemos. Portanto, fica claro para mim que é mais fácil educar do que esconder o sol com a peneira.
Não adianta achar que não deixando seu filho ver TV ele vai ser ilvre dos desejos do TER. Tem que encarar o monstro de frente e, pelo exemplo e pela ação, aprender a dizer NÃO!
É isso mesmo. Parece simples, mas não é! E aqui funciona assim: Alice conhece todos os brinquedos que são anunciados, sabe exatamente quais quer e não quer, mas, quando chega na loja e pega o brinquedo na mão e me diz: "Quero esse", normalmente escuta o famoso: "ok, então coloque na sua lista para, no seu aniversário, escolher qual prefere." E isso basta para que ela coloque de volta na prateleira, sorridente, e saia da loja feliz.
Vejo muita gente incapaz desse simples ato, do dizer:"Não vou comprar e você precisará lidar com o fato de que querer não é poder.". Vejo crianças morando em casa com tanto brinquedo que os pais são obrigados a receber seus amigos em meio a uma enorme quantidade de TRALHA infantil em plena sala de estar, com um sorriso estampado como quem diz: "ahhh, casa com criança, sabe como é que é, né?". Ou pais que moram em apartamentos razoavelmente pequenos e dedicam um quarto inteiro a ser o "quarto de brinquedos" e ainda justificam dizendo que: "ahhh, é que criança precisa ter seu espaço, né?"
Pois é, só que eu não entendo nem acho isso tudo legal. Casa com criança realmente tende a ter alguns brinquedinhos espalhados, tende a ter uma baguncinha básica pela casa, mas, na boa? A criança tem que aprender a ter seu limite físico e tem que aprender que sala de estar é local de convívio comum e não depósito de brinquedo. E pai tem que aprender a colocar esse limite. E, "quarto de brinquedo" é coisa de quem tem muito espaço e muito filho. Nenhum filho precisa de um quarto só para brinquedos. O quarto de dormir é onde devem caber todos os brinquedos que ele tem. Conheço até casos onde os filhos decidem, por conta própria, dormir juntos num quarto e deixar o outro para bagunça... ok, nisso não vejo problemas, porque fica patente para eles que é um quarto de cada, mas que optaram por dormir juntos... Mas, cada um ter um quarto e ainda existir um quarto só para brinquedos? Bem, então é porque tem brinquedo demais por aí!
O universo te que ser conquistado aos poucos para que o querer e o poder serem compreendidos em seu equilíbrio quase perfeito (porque, vamos combinar, perfeito nunca será, nem na mente mais espartana!). A criança precisa aprender, desde cedo que "Eu quero" não equivale a "vou ganhar", e que existe um limite, financeiro e físico, para todos os seus quereres.
Aqui a coisa foi equacionada de forma simples: Os brinquedos devem todos caber no quarto, aquilo que for excedente, deve ser dado para quem não tem brinquedos. Os brnquedos podem sair do quarto e dominar a casa enquanto são "brincados", mas, o lugar de guardá-los é no quarto. No escritório da família pode-se ter alguns brinquedos, mas moram sobre a mesinha que ela usa para desenhar e não devem virar parte da decoração. Ficam ali transitoriamente. O escritório é de todos e precisa caber todo mundo, portanto, não pode virar um mundo lúdico infantil.
E, mais importante, brinquedos e presentes só são comprados em ocasiões especiais, e não como hábito. Os avós dão um pouco mais de brinquedose presentes, mas todos respeitam que não deve ser o tempo todo e não deve ser sob demanda.
E assim o NÃO já foi bem digerido pela Alice. Na maior parte das vezes o "eu quero" já vem seguido de "vou botar na lista", e o "não vamos comprar" é seguido de, "então quando chegar meu aniversário eu escolho". Lógico que minha filha está LONGE de ser perfeita e, vez por outra, chora e faz manha porque QUER QUER QUER... mas isso faz parte do teste que ela PRECISA fazer para internalizar o poder. Ela já sabe que quando mais insistir, malcriadamente, no QUERO QUERO QUERO, menor a chance de um dia TER. E eu, por mais que saiba que seria BEM mais simples comprar e dar logo e não ficar ouvindo ladainha infantil, sigo ensinando o NÃO, NÃO, NÃO.
Portanto, amigas, acho nobre quem não libere a TV para os filhos, mas lembro a todos que isso não é solução. Muito mais importante do que proteger do apelo comercial é ensinar aos filhos a lidar com esse apelo de forma madura e racional. E, assim, não me critiquem quando eu digo que, sim, na casa dos avós minha filha está livre para receber uma louca enxurrada de propagandas que mostram para ela o que existe por aí. E, sim, sou absolutamente contra essa onda de censura à propaganda dirigida ao público infantil. Cabe aos pais, e unicamente a eles, ensinar o limite entre o querer e o poder, e não é a censura a propaganda que vai resolver esse probleminha chato para eles.
Mas, como eu sempre gosto de dizer, é só minha opinião.

3 comentários:

  1. Bravo, Mari! Nossa experiência com a tv é mais radical, ja que a TV aberta nao pega e que eu nao tenho saco. Entao vemos bastante DVD, e a propaganda nao pega, mas, ainda assim, as vontades existem, e sao gerenciadas. O que me perocupava mais eram os anuncios de outros programas, com cenas de violência, e o fato de eu mesma nao suportar barulho de jingles! Noticiario é na internet, e pronto.
    Quanto aos brinquedos, admito que meu filho tem muito mais brinquedos dos que eu acharia ideal, mas tudo no quarto dele. Acho que, quando estivermos mais instalados e ele estiver sentido mais a estabilidade, poderemos nos desfazer de alguns. Crainças odeiam se desfazer de coisas que adoram (ou que adoraram) e eu ficava de coraçao pequenininho pedindo ao Thomas que separasse brinquedos para dar para fazer lugar para os novos. Ele me dizia que preferia ficar com os brinquedos velhos, que amava, a ganhar brinquedos que nao sabbia se ia gostar.
    Entao chegamos a uma soluçao, que ja usei duas vezes, e que usarei de novo. Para aniversarios, peço que ele faça uma (pequena)lista do que relamente quer ganhar, e estes sao presenets dados pelos pais, avos, etc. Dou uma festa com o tema que ele quiser, e, no convite para o aniversario, peço que, no lugar de presentes, façam uma doaçao para determinado orfanato (deixo uma caixa disponivel na entrada, na qual os convidados podem botar envelopes com as doaçoes, ou podem pegar as informaçoes do orfanato para fazer como quiserem). Depois do aniversario, compro caixas com coisas para o orfanato (pasta de dentes, escovas de dente com personagens infantis, sabonetes e xampus de criança, pulseirinhas, albuns de figurinhas, etc), e, junto com Thomas, levo tudo para o orfanato. Mando, depois, um cartao para os convidados, relatando o que foi doado, com uma foto da visita. Da primeira vez, tive a brilhante idéia de ''match'' as doaçoes, igualando o que foi arrecadado, mas nao contava com tanta generosidade - doaram muito dinheiro, e eu acabei gastando mais do que tinha gasto com a festa (e olha que nao sou de esbanjar em bufês)!
    Tinha receio de que as pessoas estranhassem, ou pior, que Thomas se sentisse prejudicado, mas no foi o caso. Este ano, como haviamos acabado de chegar aqui, nao houve festa, mas espero fazer o mesmo ano que vem!

    ResponderExcluir
  2. Concordo com vc com relação ao consumismo, acho que tem muitos pais que não conseguem ou não querem dizer não as manhas dos filhos, acham masi fácil dar logo e parar com o choro, o problema dessas crianças será no futuro qdo descobrirão que nem tudo o que querem terão, e lidar com essa realidade será bem complicado!!!!
    Eu tenho Sky em casa e uso o recurso de gravação, então tenho todos os desenhos gravados, assim eu acho que compensa, eles tbem nao assitem tv aberta, só desenhos e filmes!
    Bjos
    Ana
    http://amaedosgmeos.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Oi querida ... cheguei até aqui através do seu comentário!

    Concordo super com você ... não colocar nossos filhos na frente da televisão não impede que eles ao chegarem na loja de brinquedos enlouqueçam e peçam tudo aquilo que veem. O problema na publicidade para o público infantil é o apelo! No power point que apresentei no meu texto não falava apenas da publicidade entre um desenho ou outro, mas sim da forma que a publicidade conquista o público infantil! No caso da propaganda do Laptop da Xuxa, o caso é a Xuxa, pessoa que conquista muitas crianças (minha filha "graças a Deus" não gosta dela) e ela fala para as menininhas que estão colorindo (o que eu acho simplesmente maravilhoso) que aquilo era chato, que ela iria aprensentar algo que aquilo sim seria perfeito.

    Também não tenho NET, SKY ou qualquer outra TV a cabo, por inúmeros motivos e apresentei DVD à minha filha somente aos 18 meses. Não estou querendo dizer que fiz correto ou errado, não discuto isso, mas não quero discutir isso.

    Minha preocupação como mãe é criar minha filha com valores em que ser é muito melhor do que ter. Quem sabe um dia até darei a ela um Laptop da Xuxa, quem sabe, mas por ser bom para ela, não apenas para ela ter! Essa é a questão!

    Parabéns pelo texto! Convido você à sempre visitar meu cantinho! Estarei sempre por aqui! Obrigada pela visita!

    Beijos, Marcella
    www.monmaternite.blogspot.com

    ResponderExcluir