BlogBlogs.Com.Br

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O médico do desfile

Desde que a Alice nasceu que, quando vamos passear, eu digo que vamos DESFILAR. Depois que ela começou a andar, passei a brincar com ela sobre isso. Toda vez que eu a visto toda caprichada, digo a ela para dar uma desfiladinha de moda para a mamãe. E ela ADORA a brincadeira. Se coloca de pé rapidinho e começa o seu desfile andando de um lado para o outro. No final da "passarela" ela vira o corpinho de ladinho, levanta o calcanhar do pé que está na frente, deixando a pontinha encostada no chão e faz a "pose do cavalo cansado", que é como eu apelido aquela pose de ladinho que as modelos fazem na ponta da passarela.
Essa brincadeira nos rende MUITAS gargalhadas.
Mas, por mais que Alice adore desfilar, eu e a pediatra começamos a perceber que quando ela corria, parecia o satélite Sputnik, ou a Phoebe, de Friends, correndo. As perninhas iam para todos os lados e ela parecia estar se balançando toda. Com isso o destino mais óbvio foi o ortopedista pediátrico.
Mas, conheço minha cria e tinha certeza que sem um preparo emocional, Alice chegaria no consultório e entraria em modo timidez aguda e não daria nem um único passo para o médico. Sem contar que dificilmente o deixaria fazer as medições necessárias.
Aproveitei a sua paixão pelas passarelas para prepará-la para a consulta. Disse a ela que teríamos uma consulta com um "Médico de Desfile" que a ajudaria a desfilar ainda melhor do que já desfilava e que seria muito legal porque ele ia medir os joelhinhos dela com uma régua especial e deixar ela ficar em pé na mesa de vidro, coisa que em casa é, por motivos óbvios, absolutamente proibido.
No dia da consulta ela já acordou perguntando se tinha "médico de desfile", e, frente à minha afirmativa, ela soltou um enorme "EBAAAAAA".
Fiquei com medo dela chegar lá e se decepcionar ao dar de cara com um médico, igualzinho aos outros. Mas ela me surpreendeu. Entrou na sala de espera e já anunciou para a secretária que estava ali para "apendê a disfilá meiór", sentou-se na cadeira e esperou ser chamada.
Entramos na sala e, imediatamente, ela já perguntou se podia desfilar. Depois de uma discreta risadinha contida, o médico explicou que sim, mas que deveria fazer o desfile descalça, o que a deixou ainda mais feliz.
Fez tudo que o médico pediu, acrescentando, é lógico, a pose do cavalo cansado ao final de cada reta. E, ao final ainda foi "brindada" com o inigualável prêmio de "carimbar os pesinhos" no papel, para o molde da palmilha.
Eu saí de lá menos contente do que entrei, afinal, ninguém gosta de saber que a única coisa que a filha herdou de si foram as pernas tortas e que serão necessárias palmilhas ortopédicas para corrigir o "defeitinho genético".
Mas Alice saiu em êxtase, pedindo para voltar logo ao "médico de desfile", e isso me confortou.


PS - para quem ficou curioso, o ângulo normal da relação coxa X batata de perna, em meninas, é de 3 graus, Alice tem 10 graus na perninha esquerda e 11 na direita, o que a leva a pisar com o arco dos pés sendo forçados para baixo. Possivelmente esse ângulo melhoraria por conta própria com a maturidade óssea, mas levaria mais tempo e poderia também piorar, então, acho que palmilhas serão utilizadas por um bom tempo por aqui...

2 comentários:

  1. nao sei como sao os sapatinhos de agora, mas eu tive que usar uma bota quando criança para corrigir minha "pisada". eu odiava aquela botinha branca. era dura, doía meus pés.

    mas sou de uma época em que as coisas eram feitas sem muita preocupaçao com o conforto da criança. acredito que alice vai adorar sair com o sapatinho novo. =)

    ResponderExcluir
  2. Tb tinha os tais vulgos joelhos em X e pé chato e usei botas. Desde bebê observo os pezinhos da filhota para ver se ela tem a curvatura do pé. E tem. Ufa! Rs.
    Mas os joelhos, preciso observar.
    Ainda bem que a Alice leva tudo na brincadeira e vai adorar as palmilhas para desfilar. ;)

    ResponderExcluir