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quarta-feira, 31 de março de 2010

Quando a criança é só uma criança

Nessa minha viagem maternal, acabei virando uma grande participadora de fóruns sobre maternidade e uma ávida leitora de blogs sobre o assunto. Com isso percebo que muitas vezes a informação acaba desinformando.
Deixa eu me explicar... quando éramos crianças, todo e qualquer problema que uma criança apresentava era levado ao pediatra. Ele, e só ele, tinha a autoridade e o conhecimento para examinar, avaliar e diagnosticar uma criança. As mães e os pais, em geral, se limitavam a saber apenas sobre as questões médicas que envolviam seus filhos. Uma vez ou outra eram expostos a outros males através dos filhos dos amigos próximos ou até mesmo de filmes. A maior parte dos nossos pais nunca ouviu falar em Alergia à proteína do leite de vaca, intolerância à lactose, autismo, síndrome de asperger, e assim por diante. Pouco sabiam e pouco se interessavam naquilo que não dizia respeito aos seus filhotes.
Com a internet o acesso à informação foi facilitado e agora mães de todos os cantos do planeta trocam idéias, compartilham suas aflições e medos, contam as histórias de seus filhotes e de todas as mazelas que o acometem desde o primeiro momento de suas pequenas existências. São incontáveis comunidades do orkut, fóruns de debate para mães, grupos virtuais de apoio à mães de crianças com problemas específicos, blogs e websites de pais e mães aflitos que lutam contra essa ou aquela doença, dicas, truques, quebra-galhos de como alimentar, banhar, vestir, lavar, medicar, enganar, criar, educar... ufa! É tanta informação que por vezes as mães ficam tão empenhadas em ler, pesquisar e aprender que esquecem o principal: seus filhos pelo que são!
Não raro vejo grupos inteiros de mães submetendo seus filhos a infinitos exames para investigar um refluxo que ela acha que ele pode ter, ou uma potencial alergia à proteína do leite de vaca que ela está certa que ele tem. Ela leu na internet sobre isso, ela sabe os sintomas e vê que seu pequeno tem alguns deles, ela já o diagnosticou, mas todos os pediatras parecem simplesmente não enxergar ou não querer ver a realidade. Ou ainda, seu filho foi diagnosticado com alguma doença rara e ela pesquisa TUDO o que pode, na internet. Encontra algumas coisas interessantes, mas também muita informação com erro... não importa, se está na internet, é fato, é real e é informação importante, pensa ela. E assim a vida da criança passa a ser vista no foco da doença e de tudo aquilo que a mãe aprende sobre o tema. Tudo o que a criança faz ou deixa de fazer passa a ser visto sob o prisma da "informação" que ela obtem diariamente em suas leituras internéticas.
E foi assim que eu caí nesse texto do blog Amalah (para quem não sabe como funciona, basta clicar no texto marcado que você irá diretinho para o texto da Amy!), uma blogueira de primeira, divertidíssima, que narra suas experiências como mãe. Seu filho foi recentemente diagnosticado com autismo e ela ainda está lutando para entender a questão e todas as peculiaridades do pequeno. Ele, um adorável menininho de quase 5 anos, está reagindo a toda a atenção que recebe. E o trabalho que ela faz com ele, mesmo que, por vezes, ela não consiga reconhecer, é espetacular. Mas, como o fantasma do distúrbio fica assombrando a cabeça dela, e como ela é bombardeada com informações sobre o tema, acaba, por vezes, esquecendo que mesmo uma criança especial, as vezes, é apenas uma criança e terá atitudes compatíveis com isso, o ser criança!
Minha sugestão é que quando você se deparar com um problema com seu filho, pesquise, eduque-se, discuta com outros pais que passam pelo mesmo problema. MAS, nunca esqueça que apesar de qualquer diagnóstico, seu filho é só uma criança e nem tudo o que ele faz é ligado ao problema. Crianças saudáveis e doentes, com perfeito desenvolvimento psicomotor e com distúrbios nesse sentido, crianças que vivem em lares felizes e as que vivem em lares nem tão felizes assim, crianças ricas e pobres, todas elas têm algumas coisas em comum: elas, as vezes, fazem birra e malcriação, elas estranham e reagem negativamente, e as vezes agressivamente, ao desconhecido, elas choram, elas gargalham, elas brincam, ela se irritam com um brinquedo que é difícil demais para elas, elas vomitam, elas ficam gripadas, os narizes escorrem, elas tossem, elas tropeçam e caem, se ralam e choram, elas aprontam, desobedecem, dizem que te amam para, cinco segundos e meio depois, te odiarem, e logo em seguida, voltarem a te amar...
Nem tudo é doença, nem tudo é específico de uma ou outra criança...
Quando a barra pesar e você achar que tem algo errado com o seu filho, ao invés de correr para a internet e pesquisar loucamente, pare, desligue-se de tudo, e olhe apenas para o seu filho, isolado do resto do mundo e perceba que ele é, apesar de tudo, apenas uma criança!

2 comentários:

  1. Mari...maravilhoso ler suas palavras e perceber sua fortaleza! As vezes me sinto forte... as vezes me permito sentir fraca... e até triste! Por mais que olhe pro meu GUI e veja o quanto ele é MARAVILHOSO, SAUDÁVEL, LINDO, ESPERTO, INTELIGENTE... e me sentir a mãe mais feliz do mundo simplesmente pela sua existência... fica um pontinho lá no fundo... lá dentro mesmo... de vontade de que algumas coisas fossem diferentes... será que você me entende? É muito duro às vezes. Quando a gente vive me parece que seja um pouco diferente. Talvez porque eu tenha passado a vida como pedagoga ensinando mães a educarem seus filhos... Preciso aprender muito ainda, sei disto! E sei que o GUI vai me ensinar a maior parte de tudo, apenas e tão somente porque ele existe e, sua existência é hoje a minha maior alegria! Beijo...

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