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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O brinco

Assim que descobri que eu teria uma menininha eu já previ a novela que o assunto brinco renderia. Eu não gosto da idéia de furar a orelha de um bebê, não só pelo fato de que estaria abrindo uma "ferida" desnecessária num ser que ainda não é vacinado contra tétano, mas também pelo nervoso de trocar roupinhas o tempo todo correndo o risco de puxar o brinquinho numa dessas. Além disso eu odeio dormir de brinco, acho que incomoda como nada nesse mundo, como poderia forçar minha pequenina a dormir com os brincos desde o início da vida.
Decidimos, eu e o marido, que não furaríamos até que ela nos pedisse os tais brincos.
É lógico que Alice ganhou alguns pares de brincos assim que nasceu, inevitável. E eu os adorei, estão lá, guardadinhos para o dia em que ela disser que quer usá-los. Mas será uma decisão dela, sobre o corpo dela e não uma imposição minha. Eu mesma só furei minhas orelhas aos 10 anos e acho legal minha mãe ter me deixado tomar essa decisão por minha conta.
Mas, a decisão de não furar orelhas já me rendeu, e ainda me rende, uma quantidade incontável de comentários, dicas, sugestões e críticas.
Já ouvi de uma pessoa que eu seria a culpada pela confusão da identidade sexual da minha filha. De outra, tive que ouvir que eu traumatizaria minha filha pelo resto de sua vida fazendo-a "diferente" das outras. E também que ela ficaria tão traumatizada com a dor que sentiria ao furar as orelhas mais velha (essa foi a máxima, aos 10 anos a dor "agonizante" seria um trauma, mas, aparentemente, com poucos dias de vida bebês seriam insensíveis à dor... vai entender!).
Além disso recebi críticas severas de sábias pessoas que eu encontrei em elevadores, filas de vacinação e afins.
Certo dia eu estava desfilando (sim, minha fiha não passeia, DESFILA!) com minha pequena pelas ruas do bairro. Ela, toda linda e empacotada num lindo vestido cor-de-rosa engomado, com direito a um enorme laço de fita, igualmente cor-de-rosa, devidamente colado com fita dupla-face no alto de sua linda e redonda cabecinha. Enfeitando o carrinho havia uma linda bonequinha cor-de-rosa, para finalizar o look minha-mãe-realmente-acha-que-sou-boneca. Pois bem, foi nesse contexto que uma senhora se aproximou do carrinho e exclamou, naquele tom típico de senhoras idosas falando com bebês retardados e surdos: "Que meninão lindo!".
Minha expressão mista de surpresa, susto, raiva e frustração deve ter dado a ela a dica de que ela me devia uma explicação, e ela continuou: "Para mim, pode usar rosa, pode usar fita, o que for... sem brinco, é homem!"
Na hora me deu um branco... só sentia vontade de furar os olhos da tão distinta senhora. Virei a cara, e me mandei dali com a minha linda princesinha.
Mas hoje, já mais tranquila e menos puerperal, eu talvez respondesse com muita calma: "Não senhora, a senhora é que se engana, ela tem um brinco sim, só que o coloquei no clitóris querida!"
E passar bem!

Um comentário:

  1. kkkkk.....aff....essa de estar toda vestida de rosa e ter que escutar que é menino eu também já passei.....e olha que a Sophia tem brinco....tem gente que é cega mesmo....agora adorei sua resposta....deixa guardada que ainda vai ser útil....rs...
    XOXO

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